A turma do à vivia num mundo paralelo durante os anos oitenta e metade dos noventa. As principais características de seus três habitantes eram: as mãos abertas, o queixo levemente projetado para frente, os lábios esticados a modo de mostrar bem os dentes e que salivavam bastante. Eu, Thiago e Amanda encarnávamos essa turma nas horas mais harmônicas de nossa infância, o que acabou atraindo a participação de nossos pais e de alguns parentes na tentativa de comunicarem-se conosco através do gesto, da língua e, principalmente do código Ã. O Isbã era o código que representava um tipo de beijo babado da turma do Ã. Depois surgiu o Isbiluã, um aperfeiçoamento deste, cuja finalidade era deixar a pessoa triplamente babada. Sempre que chegávamos a algum lugar propício - ou não - para fazer nossa clássica apresentação, não pensávamos duas vezes: "Nós somos da turma do Ã!", declamávamos abraçados pelos ombros antes de partir para o ataque de Isbãs. Essas manifestações também aconteciam quando estávamos sozinhos ou com nossa mãe, que era quem mais se parecia conosco quando tentava nos imitar. Hoje a Turma do à está cada vez mais distante de nós, mas será sempre uma lembrança que nos conecta e diverte. Embora sejamos os criadores, pertencemos mais a esse mundo imaginário do que ele à nós.
Carta a quem já me matou - com Libras
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Salvador, 19 de agosto de 2020
Carta a quem já me matou,
Você, talvez, não saiba, mas eu já morri mais de 100 mil vezes e continuo
morrendo. Muitas pe...
Há 3 anos
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